Razão cintura/quadril e índice de massa corporal de indivíduos praticantes de caminhada regular


Autora: Freiesleben, Regiane
Orientadora: Nunes, Joie Figueiredo
Faculdade: UNISEP
Cidade: Dois Vizinhos
Estado: Paraná, Brasil

RESUMO
O presente estudo teve como objetivo identificar o perfil das pessoas que praticam caminhada regular, na cidade de São Jorge D’ Oeste, Paraná, em relação ao índice de massa corporal (IMC), e a razão cintura/quadril (RCQ). Foram avaliados homens (15) e mulheres (31) adultos, com 32,26±10,85 e 30,3±9,05 anos respectivamente. Os resultados demonstraram que, a maioria dos indivíduos apresentam se com IMC normal (51,60% das mulheres e 46,67% dos homens), e em relação a RCQ, a maioria em  ambos os sexos  classificaram se com risco baixo á moderado, para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
Palavras-chave: razão cintura/quadril (RCQ), índice de massa corporal (IMC), caminhada.
INTRODUÇÃO
Na atualidade dos dias de hoje, observamos a preocupação das pessoas, com a sua auto-imagem e principalmente com sua saúde. Fato este que as leva a realizar algum tipo de atividade física.
O excesso de gordura e a obesidade são um dos maiores problemas de saúde, que atingem um número elevado de pessoas, tanto dos países ricos quanto dos países emergentes (HEYWARD, 2004).
A Obesidade é o acúmulo de tecido adiposo regionalizado ou em todo corpo, e pode se desenvolver a partir de fatores genéticos, metabólicos, ambientais (comportamentais, sociais e culturais) ou da interação destes fatores. Geralmente, é resultante da diferença entre consumo e gasto energético, mas pode também ser causada por doenças genéticas, endócrino-metabólicas ou por alterações nutricionais.
O diagnóstico da obesidade pode ser feito a partir de medidas antropométricas. O método mais comum, e recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é o índice de massa corporal (IMC), (PITANGA, 2004).
A obesidade pode ser reduzida através de dieta adequada, controle de peso corporal, e prática regular de exercícios físicos, segundo Truccollo e Gonsalves (2001) a caminhada orientada com intensidade de 60% da freqüência cardíaca máxima reduz o percentual de gordura.
De acordo com Heyward (2004), o sobrepeso e a obesidade podem ser classificados a partir do índice de massa corporal (IMC).
De acordo com os resultados obtidos com o IMC, os indivíduos são classificados em diferentes categorias, indivíduos com IMC menor que 20 kg/m² classificam se com baixo peso, de 20 a 25 kg/m² classifica se normal, e de 26 a 30 kg/m² são classificados como indivíduos com sobrepeso, e aqueles com IMC de 30 kg/m² ou mais são classificados como obesos, (BRAY, 1992 apud PITANGA, 1998).
O IMC é muito utilizado na prática, fazendo uma considerada correlação com o percentual de gordura corporal na população em geral, mas esta classificação não se aplica ao desporto, pois os desportistas apresentam grandes massas musculares, estudos obtidos em pesquisas relacionam o aumento de risco de doenças hipocinéticas com valores elevados de índices de massa corporal, tanto em homens como em mulheres (PITANGA, 2004).
O IMC é um método antropométrico, facilmente calculado, de procedimento rápido, simples e de baixo custo, que se correlaciona bem com a gordura corporal e algumas incidências de doenças.
Uma maneira também prática, e muito utilizada de determinar o tipo de distribuição regional da gordura, e a razão cintura/quadril (RCQ). A medida pode receber diferentes nomes dependendo do autor, Pitanga (2004), a denomina como porção circunferência cintura/quadril (PCCQ), já Marins (2003) utiliza a nomenclatura ICQ (índice de cintura/quadril), e Trischler (2003), utiliza a mesma formula denominada razão cintura/quadril (RCQ). Ambas utilizam os mesmos dados, as medidas da cintura e do quadril, e buscam relacionar os resultados, prevenindo ou identificando riscos á saúde, sendo préditor de doença coronariana.
Alguns autores sugerem que a medida da cintura seja considerada no nível do umbigo, enquanto outros mencionam que se considere como cintura a circunferência entre a última costela e a espinha ilíaca ântero-superior, enquanto o quadril é a medida realizada na região de maior perímetro no nível da região glútea, para a realização da medida é necessária apenas uma fita métrica, (PITANGA, 2004).
            Como a medida RCQ revela a distribuição da gordura no indivíduo, é um fator importante para verificar onde há maior localização de gordura. Quanto maior a quantidade de gordura abdominal, maior a probabilidade de desordens metabólicas e elevados riscos de doenças cardiovasculares (TRITSCHLER, 2003).
Sharkey (1997) afirma que as gorduras localizadas em torno dos órgãos viscerais não podem m ser medidas com compasso de dobras cutâneas, pois estas se localizam embaixo dos músculos abdominais, e, devido a isso, pesquisadores estão analisando o índice de circunferência cintura/quadril.  Este autor destaca, ainda, que a gordura visceral pode ser um risco pelo fato de que a gordura armazenada em torno e nas vísceras tem um caminho circulatório para o fígado, e, nessa região, as células de gordura têm possibilidade de mandar ácido graxo livre diretamente para o fígado, podendo ser utilizados para sintetizar colesterol adicional e elevar o risco de doença cardíaca, (SHARKEY, 1997).
Existem duas classificações para o tipo de gordura e sua localização. Para diferenciar, utiliza-se o nível do umbigo como referência, ou seja, gordura concentrada acima do umbigo chama-se “obesidade superior,” conhecida como obesidade andróide ou em forma de maçã. Se a gordura predomina abaixo do umbigo na metade inferior do corpo, denomina-se ginóide ou forma de pêra. O tipo andróide gera maiores riscos à saúde, como ataque cardíaco, hipertensão e diabetes, em virtude da quantidade de gordura na área abdominal. O tipo ginóide é caracterizado pelo aspecto em forma de pêra ocorre mais em mulheres. Os lipídios concentram-se nas regiões glúteas e femorais (TRITSCHLER, 2003).
Considera se normal o resultado dos valores de até 0,94 centímetros para os homens e 0,82 para as mulheres, acima destes valores já se apresenta alto risco à saúde (BRAY, GRAY, 1988 apud PITANGA, 2004).
A caminhada parece ser a atividade física preferida da população, pois pode ser realizada de acordo com os horários disponíveis do próprio indivíduo. A caminhada é uma das atividades físicas mais praticadas atualmente, isto devido a sua praticidade.
Guedes e Guedes (1998) ressaltam que acontecem alterações na composição corporal durante a atividade física, a caminhada consome energia e ocorre variação na quantidade de gordura, o que torna o programa importante na promoção da saúde e alteração da composição corporal.
Para LEITE (1990, p. 5) “a vida sedentária tem sido considerada um dos fatores de risco para a saúde. E a prática regular de exercícios físicos é um fator de proteção contra processos degenerativos no organismo humano”.
Pensando em todos os benefícios proporcionados pela caminhada, o presente estudo objetivou determinar o perfil das pessoas que praticam caminhadas na cidade de São Jorge D’Oeste, verificando a relação cintura/ quadril e o índice de massa corporal desta população, identificando assim possíveis riscos à saúde.

MATERIAL E MÉTODO

Amostra           
Este estudo caracterizou se como uma pesquisa descritiva (THOMAS, NELSON, 2002).
            A amostra foi composta por 46 indivíduos adultos, destes 67,40% do sexo feminino com 30,29 ± 9,05 anos, e 32,60% do sexo masculino 32,26 ± 10,85 anos de idade, todos praticantes de caminhada regular (3 a 5 vexes/semana),  a mais de 6 meses.
            Os dados foram coletados nos dias 23, 25, e 27 de março de 2009, na cidade de São Jorge D’ Oeste, PR.
           
Instrumento e procedimento
Para a coleta de dados (IMC, em kg/m²), foi utilizada uma balança marca Tanita, modelo 2204, precisão de 0,1 kg e estatura (EST, em cm); estadiometro marca Sanny, modelo Standard (precisão de 0,1cm) foram obtidas conforme procedimentos propostos por Callaway et al (1991).Posteriormente, o índice de massa corporal (IMC, em kg/m²), foi obtido através do quociente massa corporal/estatura² ( KEYS, 1972 apud PITANGA, 2004).
Para a determinação dos estados nutricionais de obesidade e sobrepeso, os pontos de corte de IMC, para populações adultas (BRAY, 1992 apud PITANGA, 2004).
 Para a medida das circunferências da cintura e quadril, uma fita métrica, tais valores foram utilizados para o cálculo do RCQ.
            A prevalência de obesidade abdominal foi estimada com base nos valores superiores a 0,82 cm para as mulheres, e 0, 94 cm para os homens, e os resultados de IMC foram comparados com a classificação proposta por BRAY, GRAYT (1988) apud PITANGA (2004).
Tratamento Estatístico
A analise dos dados deu se pela estatística descritiva, media e desvio padrão, e distribuição de freqüência, pois esta é uma forma simples de representação, o que facilita a compreensão dos fenômenos (OLIVEIRA, 1997).

APRESENTAÇÃO E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS

Aqui são apresentadas as características descritivas das variáveis da amostra, com os valores expressos em média e desvio padrão.
Variáveis Homens Mulheres
Idade (anos) 32,26±10,85; 30,3±9,05
Estatura (m) 1,76±0,07; 1,64±0,08
Massa (kg) 82,59±13,53; 64,18±9,73
IMC (kg/ m²) 26,2±4,32; 23,16±3,75  
RCQ (cm) 0, 87±0,09; 0,75±0,09
Os valores de peso corporal total e altura foram utilizados para classificar a amostra de acordo com o IMC. Para a maioria das mulheres (51,60%), o índice de massa corporal obtido ficou entre 20 a 25 kg/, enquadrando as dentro do padrão normal de peso, segundo este critério.
 Contudo, 40% dos homens e 25,80% das mulheres apresentaram índices entre 26 e 30 kg/, indicando peso acima do normal ou sobrepeso. Uma porcentagem significativamente, menor dos indivíduos encontrava-se com índices superiores a 30 kg/, sendo deste modo classificados como obesos (13,33 % e 3,25 % respectivamente homens e mulheres), a apenas 19,35% apresentou baixo peso, diversos estudos (OLIVEIRA et al. 1998; CEDDIA, 1998), demonstraram que a obesidade predomina em pessoas do sexo feminino, que sua incidência aumenta com a idade, e que mulheres apresentam maior porcentagem de gordura que os homens, porém os dados obtidos mostraram o contrário.
 Embora a porcentagem maior de obesos fosse encontrada no grupo feminino, o grupo masculino não teve uma amostra significativamente representativa, o que talvez se refletisse de forma diferente em uma amostra maior. E ainda, a incidência de sobrepeso foi superior nos homens em relação às mulheres, observou-se que as mulheres mostram se mais preocupadas com o excesso de peso do que os homens.
  Ressalte-se também que a mulher sofre alterações em sua composição corporal, principalmente em relação à gordura, em diversas fases da vida.
No que diz respeito á RCQ,o estudo evidenciou que 48,34% das mulheres apresentaram risco moderado, 16,21% risco alto e 9,63%  risco muito alto, contra 33,3% de risco moderado, 6,66% de alto e 20% risco muito alto, no grupo masculino.
Estudos recentes mostram que a obesidade de maior risco é a chamada obesidade central ou de abdome, comum no sexo masculino. A obesidade inferior ou gluteofemural, comum na mulher, é de menor morbidade(PITANGA, 1998).
Dessa forma, como conseqüência da obesidade central, existe maior propensão para hipertensão arterial e hiperlipidemia, resultando em maior probabilidade de doença arterial coronária e acidente vascular encefálico (OLIVEIRA; SILVA, 1999).
De acordo com Monteiro (1998), a relação cintura/quadril e a gordura visceral aumentam com a idade e são fatores independentes do excesso de peso. A distribuição de gordura não se altera significativamente em mulheres antes da menopausa. Segundo Pitanga (1998), porém, durante a menopausa devido à deficiência na produção de estrógeno, a gordura corporal aumenta e ocorre redução na massa magra, enquanto, na pós-menopausa, há maior aumento de gordura visceral.
Ainda em relação à RCQ o grupo masculino, apresentou 40% de baixo risco, e o grupo feminino 25,82%.
O melhor meio de controle e combate à obesidade central é a associação entre dieta balanceada e atividade física continuada, afirmar que o exercício físico proporciona meios de proteger o organismo contra o maior acúmulo de gordura corporal na região do tronco, que se acentua nas idades mais avançadas.

CONCLUSÃO

Através deste estudo pode se concluir que o IMC e a RCQ apresentou se maior nos homens, quando comparado às mulheres, porém mais da metade do grupo feminino apresentou riscos associados a complicações metabólicas, enquanto que 40% do grupo masculino apresentaram baixo risco.
E de acordo com o IMC a maioria dos indivíduos de ambos os sexos, apresentou peso normal.
            Deste modo pode se afirmar que, a prática regular da caminhada proporciona alterações na composição corporal, pois energia é consumida e ocorre deste modo variação na quantidade de gordura, o que torna o programa importante na promoção da saúde e na alteração da composição corporal.
6. REFERÊNCIAS

CEDDIA,R.B. Gordura corporal, exercícios e emagrecimento. Revista SPRINT Magazine, Rio de Janeior, n. 99, p. 10-20, 1998.
CALLAWAY, C.W.; CHUMLEA, W.C.; BOUCHARD, C.; HIMES, J.H.; LOHMAN, T.G.; MARTIN, A.D., et al. Circumferences. In: Lohman TG, Roche AF, Martorell R, editors. Anthropometric standardization reference manual. Champaign: Human inetics Books; 1991. p. 44-5.
GUEDES, D.P ; GUEDES,J.E. Controle de peso corporal: composição corporal atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998.
HEYWARD, V.H. Avaliação física e prescrição de exercício: técnicas avançadas. 4. ed. Porto Alegre: Artmed, 2004.
LEITE, P.F. Aptidão física, esporte e saúde: prevenção e reabilitação de doenças cardiovasculares, metabólicas e psicossomáticas. São Paulo: Robe, 1990.
MARINS, J. C.B. Avaliação e prescrição de atividade física: guia pratico. 3. ed. Rio de Janeiro: Shape, 2003.
MONTEIRO, J. Obesidade: diagnóstico, métodos e fundamentos.  São Paulo: Lemos, 1998.
OLIVEIRA, J. J.; SILVA, S. R. A. Fatores de risco para doença arterial coronária. ARS CVRANDI, São Paulo, v. 32, p. 29-40, 1999.
OLIVEIRA, S.L. Tratado de metodologia científica: projetos de pesquisa, TGI, TCC, monografias, dissertações e tesses. 2 ed. São Paulo: Pioneira, 1997.
PITANGA, F. J.G. Testes, medidas e avaliação em educação física. 3. ed. São Paulo:Phorte, 2004.
PITANGA, F.J.G. Atividade física, exercício físico e saúde, Salvador: APUD Imagem, 1998.


SHARKEY, J. B. Condicionamento físico e saúde. 4. ed. Porto alegre: Artmed, 1997.

TRITSCHLER, K. A. Medida e avaliação em educação física e esportes de Barrow e Mcgee. 5.ed. barueri, São Paulo: Manole, 2003.

THOMAS, J. R; NELSON, J.K. Métodos de pesquisa em atividade física. 3. ed. Porto Alegre: Artmed, 2002.

TRUCCOLO, A. B; GONSALVES, A. K. Influencia de um programa de exercícios sobre a composição corporal de mulheres idosas previamente inativas. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ATIVIDADE FISICA E SAÚDE, 3, 2001, Florianópolis. Anais... Florianópolis, 2001. p. 41.


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